domingo, 13 de janeiro de 2013

O FINO DO CHORO


Informal, urbano, público, oscilante... o choro é o estilo de rua mais desgarrado de promoção da auto-imagem que existe. Não importa a cor, a idade, a indumentária, o corte, a origem. Um típico chorão tem que preservar a essência do boêmio, sentar-se à uma mesa de bar com amigos e por-se a executar seu instrumento. Tido como a primeira expressão musical urbana nascida no Brasil, nas ruas cariocas, o choro resistiu à várias rebeldes gerações sem se prostituir. E foi nas vielas de Belo Horizonte que eu senti o teor urbano que o referido estilo musical transpira - curiosamente e simbolicamente, na rua que carrega o nome "Rio de Janeiro", no centro da cidade. Acompanhado de minha esposa, sentei-me à uma mesa de um conhecido bar local e nos colocamos a ouvir o power trio tupiniquim. "Capoeira me mandou, dizer que já chegou, chegou para lutar...", cantarolei Baden Powell junto às palhetadas do cavaquinista. Rolou também Chico, Vinícius e Paulinho Pedra Azul. Dentre dezenas de canções típicas, arriscaram Beatles e 14 Bis, para não nos esquecermos das nossas origens. Chopp do bom, batata da boa, música de qualidade e a melhor companhia que eu poderia ter ao meu lado, saí do local extasiado com a ótima tarde de sábado que vivenciei; e fiquei meditando sobre aquela atmosfera. Nos dias de hoje, o choro entrou para o grupo dos temáticos. Ou seja, criam uma casa temática, sobre Minas ou sobre o Rio, e contratam um grupo para executar chorinho, num ambiente artificial e planejado. São poucas as cidades no país que podem se dar o luxo de acomodar uma boa roda de chorinho autentico nas ruas de sua região central, como a que vi em BH. Logicamente, não foi a primeira vez que vivi o choro na cidade. Já fui pego de surpresa em livrarias, cafés, restaurantes, praças e bares da cidade, especialmente no Centro e na Savassi. O negócio não é sintético... é real! Existe um movimento, um fluxo, uma corrente abundante de executores e consumidores do choro brasileiro em Minas. Não temos movimentos postiços, ação para inglês ver. E isso, dentre outras milhares de coisas, que me encantam em Belo Horizonte. Cultura de verdade... nascida e criada aqui.

Tenham uma ótima semana!

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