PERSONAGEM DA SEMANA: A GAROTA DOS BOLINHOS
Quem é de Belo Horizonte já está familiarizado com os grafites dela. Mineira, de Itabira, Raquel Bolinho se destaca nesse amplo universo da arte urbana, pintando os cinzentos muros e paredes da metrópole mineira com seu icônico personagem: um bolinho! Representado em diversas cenas diferentes, usando fantasias, andando de patins, de avião, jogando tênis, dentre outras atividades, o bolinho existe na cena urbana belo-horizontina desde 2009, quando a garota esboçou suas primeiras pinceladas em um muro na Av. Antônio Carlos. Ela conta que começou com o grafite acompanhando o namorado - hoje marido, que também é grafiteiro - mas queria representar em suas pinturas um personagem que caracterizasse uma comida que ela gostasse muito. Após alguns esboços, o bolinho surgiu e foi sendo aperfeiçoado a cada novo trabalho. Com isso, Raquel se encontrou e não parou mais. Apesar de já ter criado dezenas de bolinhos pela cidade, não são todos que sobrevivem ao tempo, pois quando não pintam posteriormente a parede que acomoda o personagem, vem as eleições cobrindo todo o trabalho com cartazes políticos. Segundo ela, depois da eleição quase não sobram bolinhos pra contar história. O caráter efêmero do seu trabalho é proporcional às dificuldades que surgem no ato da pintura, como policiais que pagam sermões extensos e cidadãos que passam implicando com ela, pensando se tratar de vandalismo. Ela conta que uma das situações mais marcantes ao longo desses quatro anos grafitando foi a atitude de um morador de rua da região da Lagoinha, que curiosamente aparece com frequência nas fotos que ela faz como registro da obra finalizada. É um senhor de semblante triste e atmosfera deprimida. Esse mesmo mendigo lhe pediu uns trocados para tomar café; e foi atendido com uma nota de R$2,00 dada por ela. Após alguns minutos, o senhor volta, lhe devolvendo R$1,75 de troco... lhe deixando bastante consternada. Apesar disso, a satisfação de ver o bolinho pronto supera todos os percalços e a faz acreditar ainda mais em seu projeto. Raquel é formada em Letras pela UFMG, mas seu trabalho como grafiteira a estimulou cursar a Faculdade de Artes da UEMG.
Boa noite à todos e até amanhã!