quinta-feira, 23 de julho de 2015

RUAS DA LAGOINHA


Localizado na Região Noroeste de Belo Horizonte, na divisa com o Centro, o Bairro da Lagoinha já foi o maior point boêmio da cidade. Apesar da proximidade com a área mais movimentada de BH, a região é carente em comércio e serviços; e sofre com degradação e com pontos de consumo de drogas. Os últimos boêmios de Belo Horizonte não se esquecem da velha Lagoinha, um bairro de limites difusos, mas de características marcantes. Escondida pela rodoviária, cortada por túneis e viadutos e radicalmente transformada com a chegada do metrô, a Lagoinha de 1950 era reduto de seresteiros, dançarinos, sambistas e amantes da noite de Belo Horizonte. Ali, a menos de um quilômetro do Centro, viviam à margem da capital, com seu comércio agitado, os botequins sempre abertos e cheios, os hotéis, os camelôs, as delegacias, o barulho dos trens do subúrbio e dos cinemas agitados. Tinha ligação com o local da atual rodoviária, onde também situavam a Feira de Amostras e a Rádio Inconfidência. Mas a Lagoinha boêmia começou mesmo a morrer durante a construção do túnel, em 1971, recebendo o golpe de misericórdia, quando o túnel, junto com os viadutos que ligavam o Centro à Zona Norte, foi duplicado, em 1984. Foi definitivamente sepultada com a chegada do metrô, de modernas plataformas de embarque e desembarque, bem no coração do bairro, atrás da rodoviária. O bairro, que deu nome até a um tipo de copo, ainda mantém o nome, mas hoje, só existe mesmo na lembrança de antigos boêmios renitentes.

- Charles Tôrres

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