COTIDIANO DA MADRUGADA
A grande metrópole camufla segredos em suas entranhas, mistérios e artimanhas. Esconde em seus guetos as mazelas latinas; os delírios e confissões citadinas. Esgotos urbanos insensatos, passagens secretas putrefatas. A noite no Centro adentra os becos, ilumina os guetos e clareia os tetos da metrópole apática de gente empática. Cidade luz no Olimpo, cidade treva na senzala contemporânea, reféns do capitalismo natural onde criam hienas naturais, sanguessugas da sociedade. Estou no cerne metropolitano, dá esmola pro fulano, sente o drama do baiano, sai daqui seu bichano, mate aquele coreano. A noite é minha bro, bora pra rua arrepiar as mina, jogar bilhar na esquina, bater beck e mescalina. O lixo dos porcos comandantes que recolhe sou eu, estou aqui pra azarar. Ao cair da lua somos meros urubus. Partiu pra Guaicurus?
© Charles Tôrres / BH - Uma Foto por Dia