quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PERSONAGEM DA SEMANA: O AUXILIAR DOS CACOS


O lubrificador José Márcio Pinheiro da Rocha não esconde seu carinho pela obra que mais marcou sua vida: a Casa de Cacos. Idealizada pelo falecido geólogo Carlos Luís de Almeida, a casa é um dos mais icônicos pontos turísticos da Grande BH. Localizada na rua Ignez Glanzmann de Almeida, em Contagem, a casa, que é referência no mundo todo na arte de mosaico, foi construída entre 1963 e 1989, ano de falecimento do seu criador. Toda a casa, da fachada ao interior - móveis, adornos, eletrodomésticos, estátuas e afins - foram criadas em concreto e revestidas com fragmentos de louça e de vidro. Até o papel higiênico do banheiro e as roupas e sapatos do guarda-roupas foram recriadas com a modalidade, formando em todo o conjunto um mosaico de desenhos coloridos interessantíssimos. A obra ficou internacionalmente conhecida, recebendo doações de cacos de diversos países, além de ilustres visitantes, como Silvio Santos, Chacrinha, dentre outros. Com a morte do autor, a prefeitura de Contagem comprou a propriedade, mas não teve a capacidade de preservá-la, fechando-a para visitação desde 2005. Varias tentativas de restauração da casa, que atualmente se encontra em estado crítico de preservação, já foram levantadas por políticos e secretários de cultura da Região Metropolitana de BH, mas nada foi feito até então. Até o renomado artista plástico e professor da UFMG José Alberto Nemer visitou a obra a fim de avaliar os impactos que o descaso tem feito sobre ela e o que teria que ser feito para restaurá-la. Problemas a parte, a Casa de Cacos é um espetáculo, mesmo podendo-se observar apena sua fachada. Natural de Teófilo Otoni, José Marcio Pinheiro da Rocha, homem que ilustra a foto de hoje, foi o principal ajudante do geólogo na época da construção da obra. Ele conta que, aos nove anos de idade, se mudou com os pais para a residência em frente à Casa de Cacos em uma época a qual não havia nem asfalto na rua. Dez anos depois, aos 19 anos de idade, Rocha começou a ajudar o geólogo visionário à decorar a casa - e não parou mais. "Carlos Luís de Almeida foi mais que um pai para mim. Ele me ensinou a fazer mosaico, me instruiu uma profissão", conta, saudoso. Segundo José Márcio, todos os moradores da rua ajudavam o geólogo a revestir a casa e construir os móveis, levando fragmentos de vidro e louça da própria casa, quando deixavam um utensílio quebrar. "Até a Dona Lucy Geisel mandou trazer cacos vindos de Brasília para ajudar o Dr. Carlos em sua casa", conta José Márcio, sobre a ex-primeira-dama, mulher do ex-presidente Ernesto Geisel. Com a casa se consolidando, Rocha via o sonho do geólogo virar seu próprio sonho. A ideologia envolvida no revestimento da residência com fragmentos de peças de louça e vidro quebradas fez com que a vida de Carlos Luís de Almeida, então aposentado, ficasse focada em sua obra. Após sua morte, a tristeza pairou nos moradores da região, especialmente em José Márcio. Hoje, aos 49 anos, o teófilo-otonense diz se sentir muito consternado ao ver o total abandono da casa. "A Prefeita Marília Campos esteve aí há um tempo atrás, disse que ia tentar reformar a casa, mas nada aconteceu", conta o homem, inconformado com a situação. Dado o valor original e inusitado da Casa de Cacos, a renúncia e o desamparo total por parte das autoridades representam uma grande perda para os turistas e para todos os moradores da Grande BH. Por conta da total negligência apresentada, foi descartada a possibilidade da obra se integrar ao Circuito Cultural Internacional da Região Metropolitana de Belo Horizonte, para a Copa de 2014, ao lado da Igrejinha de Nossa Senhora do Ó, em Sabará; o Museu Contemporâneo de Inhotim, em Brumadinho e as já conhecidas atrações turísticas da metrópole mineira. 

- por Charles Tôrres

terça-feira, 30 de outubro de 2012

TRÉGUA


Após duas semanas de calor enérgico em Belo Horizonte, com temperaturas máximas que se esbarraram nos 36,2º, segundo maior recorde da história da cidade, veio hoje a chuva para dar uma trégua e nos aliviar do ardor intenso provocado pelas altas nos termômetros, que despencou para os 22º às 21h, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. Ao que parece, todo o Brasil está passando por situação parecida, com recordes em várias capitais brasileiras. Vamos torcer para que as chuvas venham de vez cessar por um tempo essas hostilidades climáticas, refrescando nossa atmosfera e nos dando um pouco mais de prazer no dia-a-dia, pois a situação já estava beirando o insuportável.

Grande abraço e até amanhã!

domingo, 28 de outubro de 2012

O CÉU, A CIDADE, AS MONTANHAS


Belo Horizonte é uma cidade encantadora. Basta um passeio atento por algumas regiões para ser surpreendido com riquezas e belezas naturais e culturais presentes na capital das Gerais. “Ca” tem a Serra do Curral. Um dos mais belos símbolos de Belo Horizonte. De um lado intocada, feito mata virgem, imponente guardiã da essência histórica da cidade. Do outro, retalhada em suas entranhas... “Ca” tem a Lagoa da Pampulha e seu emblemático conjunto arquitetônico. Simbolismo de outrora, hoje ofuscado pelo tempo... “Ca” tem praças de fontes luminosas, de árvores cujas folhas renovam a liberdade... “Ca” tem parques e reservas ambientais onde ainda é possível encher o pulmão com um pouco de ar puro e fresco, embora a desordem urbana seja ameaça crescente... “Cá” tem danças e ritmos variados, que ecoam das Vozes do Morro, da Zona Sul, seja daqui ou dali... “Ca” tem o Mercado Central, feiras, shoppings, comércios, indústrias, bares e restaurantes... “Ca” tem festivais, shows, comida e comédia de buteco... “Ca” tem aquele pão de queijo que em nenhum outro lugar se encontra... “Ca” tem pessoas alegres, festivas, sonhadoras que fazem de Belo Horizonte uma cidade viva, querida e amada... “Ca” tem pessoas que transitam de um lado a outro para trabalhar, estudar, divertir e movimentar a engrenagem da economia, contribuindo assim para o fortalecimento das relações sociais... “Ca” realmente é uma cidade encantadora, não fosse perder o seu brilho toda vez que chove forte... “Ca”, abruptamente, perde o seu encanto poético, e em poucos minutos oscila do drama ao “CAos”...  “CAos" em todas as regiões... “CAos" na rede elétrica, que de tão sucateada pela falta de manutenção e investimentos acaba não agüentando o tranco... “CAos" ambiental com a constante e freqüente queda de árvores danificando o patrimônio público e privado, além de impedir a passagem de veículos e pedestres pelas vias da capital... “CAos" no trânsito e no transporte público, o trem metropolitano simplesmente deixa de funcionar devido o apagão da rede elétrica... “CAos" na economia, uma vez que, comerciantes são obrigados a baixar as portas de seus estabelecimentos sujeitos à perda de mercadorias... “CAos" no ir e vir das pessoas que percebem o quanto Belo Horizonte é refém na falta de investimentos em infra estrutura de modo geral... “CAos" é “CAos", e Belo Horizonte esta caminhando a passos largos para uma situação irreversível... “CA" não comporta mais administradores públicos omissos... “CA" onde tem imperado o “CAos", exigimos mudanças, não o “CAos”. Que Deus nos abençoe “CA”, “LA” e em todo “LUGAR”.

- por Carlos Ramalho

sábado, 27 de outubro de 2012

O PARAÍSO DAS MANGABEIRAS


Paraíso.... o título desta postagem não poderia ser mais apropriado. Em outra ocasião, falei sobre o Parque das Mangabeiras aqui no blog, mas sua beleza exuberante me fez voltar a postar uma nova fotografia. É um dos maiores parques urbanos da América Latina e conta com quase três milhões de metros quadrados, 59 nascentes de água e quase 300 espécies de animais. Localizado no extremo sudeste da cidade, o parque possui acesso fácil e uma gama de atrações e atividades aos seus visitantes. Possui várias quadras de tênis, um anfiteatro a céu aberto, inúmeras lanchonetes e uma das maiores pistas de skate do Brasil. O hall do parque foi projetado pelo paisagista Burle Marx e recebe semanalmente vários espetáculos musicais e teatrais. Mas é no interior do parque que encontramos seus maiores atrativos. Encravado exatamente na divisa entre o Cerrado Brasileiro e a Mata Atlântica, o parque preserva características dos dois biomas e conta com uma flora extensamente diversa. Um verdadeiro Éden encravado em uma das maiores e mais enérgicas metrópoles do planeta.

Um grande abraço e até amanhã!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

SERRA


O bairro Serra é, provavelmente, um dos bairros de maior contraste da cidade. Situado na Zona Sul de Belo Horizonte, a região acomoda sedes de grandes empresas, edifícios comerciais, casas antiquíssimas, prédios residenciais de alto padrão, clubes, bares, boates, cafés, restaurantes para todos os gostos; e uma das maiores favelas do Brasil, o Aglomerado da Serra, local onde eu me encontrava ao tirar a foto de hoje. Sua diversidade de competências faz com que o bairro tenha vários perfis. Nele encontramos intensas ruas movimentadas o dia todo e ruas calmas como em bairros distantes. Foi cantado em verso e prosa por integrantes da cena cultural mineira em tempos passados, como na música "Ramalhete", do cantor e compositor belo-horizontino Tavito.

Tenham um excelente fim de semana!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

PERSONAGEM DA SEMANA: O POLIVALENTE DO LESTE



O motorista Itamar Teixeira Filho faz questão de admitir que é apaixonado por sua profissão. O amor pelo ofício vem do berço: ele é a terceira geração de motoristas da família. Seu pai (foto) foi sargento da Polícia Militar e sua principal função era a de condutor. O avô (foto), também integrante da referida corporação, aposentou como subtenente e até chegou a dirigir para o então Prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek. Multitarefa como seus antepassados, Itamar gosta de tudo um pouco. É guitarrista, tem dotes para mecânica e eletrônica e está sempre buscando novas músicas na internet; mas é o ronco de um motor seis cilindros que lhe afere os mais longos suspiros. Cresceu vendo seu pai bisbilhotando motores de carros e seu primeiro emprego foi em uma oficina mecânica. Já trabalhou como desenhista de peças em uma fábrica de tratores; foi bancário no extinto BEMGE; auxiliar administrativo em um órgão público do município de Contagem; e pasteleiro, abrindo sua própria pastelaria. Mas o destino logo colocou em suas mãos o ofício de motorista, como não poderia deixar de acontecer. Após doze anos dirigindo, e inúmeras experiências com os mais diversos tipos de veículos, hoje Itamar conduz seu caminhão, um Volkswagen 15-180, a serviço SUDECAP - Superintendência de Desenvolvimento da Capital, órgão da prefeitura de Belo Horizonte responsável pelas obras de melhoria e requalificação da infraestrutura viária da cidade. Ele trabalha em uma subseção do mencionado órgão, cuja atuação se restringe à Zona Leste de BH, fazendo o traslado de materiais e encarregados entre uma determinada obra e a sede, que se acomoda no bairro Pompéia. Apesar do entusiasmo com a profissão, Itamar conta que há situações embaraçosas que torna sua rotina um desafio. A principal delas é o difícil acesso à aglomerados, as quais possuem ruas delgadas e terreno acidentado - embora ele aprecie os guetos. "Gosto de favelas, nasci em uma. Lá encontramos um povo simples, carismático, unido", relata. Itamar nasceu em uma pequena colônia de italianos, cuja única rua de acesso recebeu o nome do seu avô materno, Américo Turci. Um dos fatos mais marcantes em seus doze anos de profissão foi um período o qual sua equipe de trabalho estava fazendo uma obra de requalificação de um passeio em uma praça do bairro Santa Tereza. Ele conta que o dono da Parada do Cardoso, uma das mais conhecidas pizzarias da cidade, em um ato nobre, ofereceu pizzas e refrigerantes por conta da casa, a vontade, à todos os encarregados, durante o tempo em que trabalharam na região. "Em alguns lugares a vizinhança não é capaz de nos oferecer um copo d'água sequer". Embora os contratempos, comuns em qualquer labuta, Itamar não tem intenção de largar a profissão. "Para ser motorista, temos que gostar, temos que ter isso na veia", conta, orgulhoso.

por Charles Tôrres

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A VOLTA DA CAFETINA


- Dona Lúcia, fuxico: soube que Maria Cafetina voltou.
- Num brinca!
- Uai, tô dizendo...
- A Maria Lúcia? Do Hotel Esplanada?
- Uhum.
- Num brinca...
- Sério...
- Ouvi dizer que ela tinha voltado pra Jaíba, pra trabalhar com o pai na roça. Dipois que o hotel fechou, nem na Guaicurus ela arrumou trabalho.
- E lá se vão quatro anos...
- Vera, vem cá, deixa eu te contar um babado. Lembra da Maria Cafetina?
- Hum... acho que lembro... de Salinas?
- Jaíba.
- Jaíba?
- Isso.
- Ah! Aquela moça que mandava e desmandava no Esplanada, aquele hotel ali da esquina!
- Exato!
- Eu a vi poucas vezes, mas a fama num era boa não. 
- Sérgio, quem te contou?
- Meu xará do ferro velho.
- O Serginho do Piranga?
- Isso. Parece que ele foi tomar um golo ao sair da labuta e se deparou com ela no barzinho Primavera chapando os melão, atrevida como sempre.
- Aquilo ali num é flor que se cheire não.
- Num é, mas vai voltar a feder a região.
- Crê em Deus padre...
- Carmelina! Vem cá, notícia quentíssima...

by Charles Tôrres

domingo, 21 de outubro de 2012

REGIONAL NORDESTE


Considerada uma das mais pujantes zonas de Belo Horizonte, a Região Nordeste é marcada pela discrepância social e a divergência de desenvolvimento entre sua parte norte e sul. Possui alguns bairros cujos índices de crescimento e consolidação financeira que se igualam aos índices da Zona Sul da cidade; e, em contrapartida, é dotada também de bairros menos abastados em sua periferia. Apesar disso, é um dos principais centros comerciais da metrópole, fora da Região Central, além de estar se consolidando como pólo hoteleiro. É cortada pela Via Expressa Linha Verde, que com seus quase 40km de extensão, é uma das maiores avenidas da cidade. Em um dos principais trechos, a referida via está recebendo a construção do BRT (parte inferior da foto) cujo sistema entrará em funcionamento a partir do ano que vem.

Um grande abraço para vocês e tenham uma ótima semana!

sábado, 20 de outubro de 2012

FÉ CEGA, FACA AMOLADA


Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada
Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada

Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar faca amolada
Irmão, irmã, irmã, irmão de fé faca amolada

Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia
Beber o vinho e renascer na luz de todo dia
A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada
O chão, o chão, o sal da terra, o chão, faca amolada

Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia
Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranquilo
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada

Milton Nascimento & Beto Guedes

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

RUELAS DE SABARÁ


Estreitas, malfeitas, largadas... interessantíssimas! Algumas pequenas vias que cortam o Centro Histórico de Sabará são delgadas o suficiente para o exclusivo traslado a pé. Repletas de histórias, possuem uma atmosfera que nos remete ao período bandeirante, com arquitetura que vai do colonial ao barroco italiano. Sabará é hoje um dos mais importantes municípios da Grande Belo Horizonte, dado seu teor histórico e cultural. Graças à isso, é um dos principais pontos turísticos da Região Metropolitana, recebendo centenas de turistas diariamente. Mesmo inserido em uma metrópole com mais de cinco milhões de habitantes, o Centro Histórico de Sabará não perdeu seus ares bucólicos, explicitamente notados em suas ruas, construções centenárias, além do perfil provinciano de seus habitantes.

Tenham um ótimo fim de semana!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

PERSONAGEM DA SEMANA: O MENSAGEIRO DE NEVES


Acompanhar Lourival Mansueto Neto em sua rotina de trabalho não é tarefa fácil. Vestindo calça jeans, camisa social e uma jaqueta de couro impermeável recheada de profícuos apetrechos, o homem, que é Oficial de Justiça, percorre pelas ruas do Distrito de Veneza, em Ribeirão das Neves, a fim de cumprir sua tabela de mandados de diligência que lhe é fornecida no tribunal da região. “Ser Oficial de Justiça é nobre. O oficial é conhecido como o longa manus. Ele é a personificação da justiça fora dos tribunais”, conta, orgulhoso. Apesar de trabalhar em uma região da Grande BH conhecida por ser bastante perigosa, Lourival não troca sua zona de trabalho por nenhuma outra na cidade - e diz que o maior risco que corre atuando é o trânsito que enfrenta semanalmente, haja visto que sua regional de trabalho fica a trinta quilômetros de sua residência e se acomoda na beira de uma das mais perigosas rodovias que rasgam a metrópole, a BR-040. Munido de uma inteligente mochila recheada de proveitosos utensílios - onde guarda seus mandados, escova de dente, pendrive e outras ferramentas de trabalho - Lourival atua no ramo há seis anos e diz não ter vontade de deixar a profissão. "Gosto de representar a justiça. A profissão possibilita ter outras ocupações e hobbys, pois posso fazer meu horário conforme o número de mandados que tenho à cumprir". Apesar dos riscos, o oficial prefere trabalhar de motocicleta. O tribunal não fornece um automóvel para a função e os oficiais precisam cumprir seus afazeres com seus próprios veículos. Por conta disso, Lourival optou pelo uso da moto, devido à mobilidade e a economia que o veículo proporciona, especialmente por se tratar de uma região de relevo acidentado e asfalto precário. Além disso, o oficial conta que muitas vezes passou por situações desgostosas, dado o teor embaraçoso que é intimar um cidadão. Certa vez, se emocionou ao ver uma família sobre os escombros de sua própria casa, após uma intimação de reintegração de posse. Apesar das dificuldades, o oficial tem um enorme respeito por Ribeirão das Neves. "Ribeirão do meu coração", apelidou carinhosamente o município. Lourival diz que enxerga em Neves um povo trabalhador; reduto de pessoas simples e humildes que estão passando por um processo de crescimento da dignidade; cidadãos que estão rapidamente se inserindo em classes sociais mais abastadas com o crescimento e expansão comercial do local. Segundo ele, Ribeirão das Neves representa o crescimento do próprio Brasil. Ele estima que dentro de dez anos, Neves terá uma identidade; e se destacará na Região Metropolitana de Belo Horizonte como um lugar que venceu as diferenças e dificuldades. “Sinto felicidade em viver Neves e carinho por Ribeirão; graças ao meu trabalho eu sou o que sou hoje", conclui.

- Charles Tôrres
Atenção pessoal,

Hoje inauguro uma nova série intitulada "Personagens", a qual consiste na postagem de uma foto semanal de um cidadão da Grande Belo Horizonte e um breve texto sobre ele, contando um pouco de sua história, seus afazeres, seu ofício e sua integração com a cidade. Sugestões para futuros entrevistados: charles3d@ymail.com.

Não deixem de acompanhar, todas as quartas-feiras, um novo personagem. 

Abraços à todos,

Charles Tôrres

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

KNOW HOW INDIANO II


Já postei esse texto aqui no blog, em outra foto da Raja Gabáglia, mas vou postá-lo novamente pois acho que o texto tem tudo haver com a foto de hoje também:

Apesar do nome, que nos remete à uma mescla de Índia com Itália, a Avenida Raja Gabáglia é mineirissimamente belo-hotizontina. Provavelmente a maior concentração de empresas de TI por metro quadrado do Brasil, a via, com aproximadamente 7km de extensão, é polo empresarial e abriga incontáveis escritórios de empresas de tecnologia dos mais diversos ramos. É nela que se acomoda a filial mineira da gigante Totvs, que por sua vez, é responsável pelas relações internacionais da empresa e desenvolvimento de software para o mercado externo. É na Raja que fica também o maior estúdio de jogos eletrônicos de Minas Gerais e um dos maiores do Brasil, a Ilusis Interactive Graphics. A via é ainda o logradouro de empresas de outras áreas com superlativos adjetivos, como a sede nacional da MRV; inúmeros órgãos públicos do estado e empresas de comunicação. Mas é na área de tecnologia da informação que a região se destaca. E é nessa bela avenida que assino meu ponto todos os dias úteis da semana! 

Abraços a todos!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

SAVASSI


Bares, cafés, danceterias, restaurantes, lojas, livrarias, grifes, hotéis, shoppings, jazz, artes, chorinho, chopp... estamos na Savassi! A prestigiada região é um dos lugares mais badalados da metrópole mineira, sendo considerada uma extensão do próprio Centro de Belo Horizonte. Possuindo nos dias de hoje vários quarteirões fechados para fluxo exclusivo de pedestres, a Savassi é um dos lugares mais plurais e diversificados da cidade, recebendo turistas do país e do mundo inteiro. Cosmopolita, a região foi batizada por frequentadores de uma antiga padaria homônima que se instalou no local na década de 1930. A atmosfera boêmia do bairro se deu graças à famosa "Turma da Savassi", um grupo de jovens que se reuniam na década de 1950 em frente à referida padaria para tomar cafés; escrever poemas; organizar festas; criar rodas de choro e paquerar as moçoilas andarilhas. Vários representantes dessa turma saíram de BH para fazer nome em todo o Brasil, como o cirurgião plástico Ivo Pitanguy, o compositor Pacífico Mascarenhas, o escritor Fernando Sabino, o jornalista Otto Lara Resende; dentre outras personalidades. Hoje a Savassi se reserva a ser uma das mais contribuíntes à cena cultural da cidade, recebendo, dentre várias atrações, diversas apresentações ao vivo de bandas de jazz, bossa e chorinho; além de acomodar todos os sábados a Esquina da Arte, uma mostra permanente a céu aberto de pintores da capital mineira e de toda Minas Gerais.

Tenham uma ótima semana!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ZONA OESTE II

(foto feita com uma Leica de 1952)

A fotografia é uma experiência fascinante. Depois da música, é o estilo artístico que mais me seduz. Quem bem utiliza a técnica é capaz de transmutar os ambientes e elevar o motivo fotografado à um nível mágico, sublime. Ele congela o espaço e eterniza a atmosfera de forma conseguirmos penetrarmos na imagem e sentir aguçadamente toda a plangência e o regozijo do retrato apresentado. Ainda que muitos questionem, a principal ferramenta do fotógrafo é o seu olho. A essência do olhar fotográfico é exaustivamente discutida desde que o homem resolveu representar sua vida graficamente. Existem centenas de obras literárias a cerca do assunto, mas não há conclusões palpáveis, apenas teorias. O olhar e a percepção dos momentos fazem do fotógrafo um artista de condições plenas e capacitadas. As câmeras fotográficas e suas lentes são as ferramentas de trabalho deste obreiro gráfico; e determinados modelos são os próprios elixires desde maravilhoso instrumento, como é o caso da Leica IIIf 1952, câmera que eu portava ao conseguir a fotografia acima. Usei sua lente nativa, uma 50mm f2.0, e um filme simples de ISO 200. É quase o mesmo ângulo da foto de ontem, divergidas apenas pelo dia e pelo equipamento utilizado. Uma boa câmera é tão essencial para o fotógrafo como um Stradivarius é importante para um violinista, mas não podemos esquecer de que nada vale uma boa máquina nas mãos se não conseguimos desenvolver um olhar à altura. Os músicos requerem instrumentos musicais finos, com madeiras de lei, metais puros e cordas uniformes para extraírem o mais cristalino som de seus aparelhos. Da mesma forma, os fotógrafos dão preferência às câmeras com os mais largos sensores e às mais claras e nítidas lentes a fim de extorquir a mais virgem das fotografias. Mas, assim como um bom músico tira música até de uma caixa de fósforo, um bom fotógrafo com um olhar bem desenvolvido consegue belos ensaios com equipamentos que vão de câmeras de celular à pinholes bem fabricadas. Fica a minha dica pra quem está começando. Não importa o motivo, não importa o equipamento. Desenvolva seu olhar e mergulhe nesse maravilhoso mundo fotográfico. É das mais sensacionais experiências!

Tenham um ótimo fim de semana e... fotografem!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

ZONA OESTE


Localizada em ponto estratégico, a Zona Oeste de Belo Horizonte é uma das maiores e mais densas regiões da metrópole. Faz divisa com Contagem, e por conta disso, recebe grande parte do fluxo de caminhões que saem carregados das indústrias do referido município, rumo ao Anel Rodoviário, e por sua vez, ao resto do Brasil. O distrito conta com uma população de quase 300 mil habitantes e está em processo de expansão e exploração imobiliária. A região conta também com a sede de um dos maiores e mais importantes centros de educação tecnológica do país, o CEFET - MG; além de outras instituições de notório destaque, como o Parque de Exposições da Gameleira, a sede da centenária Orquestra Carlos Gomes e o Centro de Feiras e Exposições Expominas. A Zona Oeste acomoda um dos bairros que mais crescem no Brasil atualmente, o Buritis (bairro destaque na capa deste blog), o qual já foi considerado o segundo maior canteiro de obras do mundo até o final da década passada, depois da cidade de Pequim.

Até amanhã!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

XAPURI


Sei que muitos não vão entender o motivo de eu postar uma foto do interior de um restaurante aqui no blog. Mas quem é de Minas Gerais sabe muito bem que o Xapuri não é apenas um simples espaço gastronômico. É um lugar onde encontramos a essência (literalmente) da culinária e da cultura mineira. Localizado na Pampulha, a cerca de 20km do Centro de Belo Horizonte, o espaço garante muito conforto e aconchego aos seus clientes. É enorme! A foto mostra apenas um dos recintos. São vários locais, com temas distintos, mesas para todos os gostos familiares e dedicados atendentes. O restaurante (que possui um cardápio variadíssimo e de muito bom gosto) oferece curso de equitação no local e possui uma lojinha super charmosa que vende artesanatos e souvenirs mineiros. Considerado por muitos críticos o melhor restaurante de comida mineira do país (e logicamente, do mundo), o Xapuri é visita obrigatória para turistas e cidadãos belo-horizontinos.

Tenham uma ótima noite!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

PÓLO DE MODA


O Barro Preto é um dos principais bairros da Zona Central de Belo Horizonte. Ele pode ser considerado como uma extensão do próprio Centro, acomodando alguns edifícios empresariais, comerciais e residenciais, além de milhares de lojas especializadas em moda. Estrategicamente ele é vizinho do bairro Prado, um dos bairros com maior concentração de confecções e escritórios de estilistas do Brasil. O Barro Preto foi colonizado por imigrantes italianos - e talvez por conta disso acomoda a sede do Cruzeiro Esporte Clube, time de origem italiana cujo primeiro nome foi Palestra Itália. Apesar da tradição futebolística, o que se destaca mesmo no bairro é o pólo de moda que abriga, o que faz dele a região predileta das mulheres belo-horizontinas...

Boa noite pra vocês e até amanhã!

domingo, 7 de outubro de 2012

VIADUTO SANTA TEREZA


Projetado pelo engenheiro blumenauense Emílio Henrique Baumgart, o Viaduto Santa Tereza foi construído em 1929 para ligar o Centro de Belo Horizonte ao bairro que mais crescia naquele período, o bairro Floresta. O traslado por entre essas duas regiões era custoso, devido às diversas obstruções que haviam (e ainda há) entre elas, como o Rio Arrudas, a Avenida dos Andradas, as linhas de trem (e metrô, atualmente), dentre outras oclusões; e sua construção garantiu acesso rápido e dinâmico entre os locais. Com pouco mais de 400 metros de comprimento, por muitos anos ele foi o maior elevado da cidade e um dos maiores do país; e era considerado uma obra cara e complexa para a época. Com o crescimento da metrópole, o viaduto perdeu a mão dupla, ficando com o cargo apenas de levar trabalhadores do Centro à outros bairros da Região Leste, deixando a mão contrária à ofício do Viaduto Floresta, outro elevado recheado de histórias, as quais falarei delas em outra oportunidade.

Tenham um ótimo domingo!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

VILA DA SERRA


Localizado no município de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, o Vila da Serra é um dos bairros que mais crescem atualmente no Brasil. Ele é vizinho-irmão do Belvedere, outro bairro nobre da região. Ainda que muitos questionem, o Vila da Serra não passa de uma extensão do próprio Belvedere, o qual possui uma reduzida área, encravado na Serra do Curral entre a BR-356 e a linha de trem do Ramal de Águas Claras. O bairro está avançando para baixo da referida linha, em uma área de vasta beleza natural, exatamente atrás de uma das maiores serras da cidade. Uma verdadeira selva de pedra luxuosa, onde um delgado apartamento dificilmente sai por menos de um milhão de reais.

Até amanhã!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

CIDADE NOVA


É com grande satisfação que eu compartilho com vocês a primeira conquista do blog "BH - Uma foto por dia". Desde segunda-feira passada a fotografia acima está ajudando a compor o visual do telejornal "Balanço Geral", exibido pela Rede Record às 6h45 da manhã. A foto foi escolhida pela própria emissora, juntamente com o cenógrafo Paulo Brasil, da PBR Cenografia, o qual me contactou para o serviço. A imagem está instalada como papel de parede, criando um visual interessantíssimo, em conjunto com o mobiliário do referido programa, desenvolvido pela PBR. Deixo aqui meu agradecimento à Rede Record e, especialmente, ao Paulo Brasil, o qual me concedeu tal oportunidade.

Um grande abraço pra vocês e até amanhã!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

ZONA SUL


Possuindo uma sobranceira densidade de mais de 8 mil habitantes por quilômetro quadrado; e um IDH médio de 0,955 (um dos maiores do país), a Zona Sul de Belo Horizonte é a mais valorizada região de toda a metrópole mineira. Nela há bairros dentre os mais caros do Brasil, com valores de imóveis que ultrapassam os 15 mil reais o metro quadrado. Praticamente não há mais lotes vagos em sua reduzida área, onde residem quase 300 mil habitantes; e os quinhões disponíveis (normalmente provenientes de casas demolidas) são disputados acirradamente entre as construtoras por valores milionários. Mas não é só de números sobejos que vive o local. A região sul da cidade é belíssima, com lindas avenidas e praças; ótimos shoppings, restaurantes, bares, cafés e badaladíssimas casas noturnas. Apesar do nome, geograficamente o local já deixou de ser exatamente o lado sul da cidade há tempos, ocupando hoje o lado leste de BH. Com o crescimento da urbe por todos vetores, a verdadeira parte sul da Grande Belo Horizonte é a regional Barreiro, bem como o município de Ibirité. Será que mantiveram o nome pelo sentença histórico que ele carrega? Ou pelo teor aristocrata que ronda a estirpe? Talvez pela praticidade, já que trocar nomes de zonas não deve ser tarefa fácil. De qualquer forma, é uma região singular em Belo Horizonte.

Tenham um ótimo dia!